Sirius possibilitará tomografia de células humanas

Um novo acelerador de partículas brasileiro irá possibilitar tomografias de células humanas.

O Sirius, do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), em Campinas (SP), assim como o Max IV, na Suécia, serão os únicos do mundo que terão resolução capaz de identificar estruturas de células complexas como as de mamíferos, entre outras possibilidades de pesquisa em diversos campos.

A atual fonte de luz síncrotron brasileira, a única da América Latina, já permite a análise de amostras em 3D por tomografia de raios X com resolução micrométrica, usada na análise de amostras milimétricas em materiais orgânicos e inorgânicos.

Na linha de luz dedicada à técnica é possível observar as microestruturas internas de materiais moles, de baixa densidade ou baseados em elementos químicos leves, além de observações superficiais de materiais densos, resistentes ou pesados.

“Os síncrotrons de terceira geração, os mais modernos em operação hoje em dia, possibilitaram uma revolução na área de imagens e tomografia devido à coerência do feixe, o que permite técnicas de imagens mais precisas, como tomografias de células individuais, a exemplo do que se faz em partes do corpo humano, mas chegando a uma escala de identificação das estruturas subcelulares. Como os feixes de terceira geração têm uma limitação de tamanho, não é possível fazer técnicas em células maiores, como as de mamíferos”, explicou Antonio José Roque da Silva, diretor do LNLS.

Sirius e Max IV serão as primeiras máquinas que permitirão esse tipo de estudo, acompanhando processos que são importantes não só para tratamento de doenças, mas para várias outras questões ligadas à saúde e à biologia.

Entre as linhas de luz que estarão à disposição da comunidade científica brasileira e internacional no Sirius está a Ipê, acrônico de inelastic photoelectron spectroscopy.

“Um dos objetivos da Ipê é fazer espectroscopia de raios X moles em baixa energia, mas não em vácuo, como é feito tradicionalmente, permitindo utilizar a técnica em condições ambientais e abrindo uma série de possibilidades de aplicações: no estudo de solos, amostras biológicas, catalisadores e em várias pesquisas que envolvem caracterização de interfaces de superfícies que não são compatíveis com o vácuo”, explicou Tulio Costa Rizuti da Rocha, também do LNLS.

Para isso será utilizado um espectrômetro com uma lente especial. Apenas duas empresas no mundo comercializam o equipamento, que será instalado na linha de luz do Sirius.

João Batista Borges, da Uppsala University, acredita que o Sirius e o Max IV poderão ampliar os resultados de suas pesquisas sobre a síndrome do desconforto respiratório agudo.

“Temos convicção de que as fontes de luz síncrotron de quarta geração ajudarão a elucidar questões-chave dessa fisiopatologia, cuja mortalidade é altíssima, em torno de 40%. Isso porque não se trata de desenvolver novas drogas, mas de regular a máquina que ventila o pulmão do paciente. Para isso é preciso entender em profundidade o problema, na intimidade do pulmão, com o auxílio de imagens com a precisão que só o Sirius e o Max IV fornecerão”, explicou.

O Max IV já está sendo comissionado e deverá ser aberto para usuários no próximo ano. O início das operações do Sirius está previsto para 2018.

Crédito: LNLS

Propostas para o Sirius

O Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) realizará, nesta sexta-feira (06/11), a “Mesa-Redonda Parcerias Sirius”, no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP).

O evento tem como objetivo apresentar as demandas tecnológicas – ou desafios – propostos às empresas paulistas na chamada de proposta “Desenvolvimento do Novo Anel Acelerador Sirius do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron”, lançada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), no âmbito do Programa PIPE/PAPPE Subvenção.

A chamada de propostas está aberta até o dia 27 de novembro para microempresas, empresas de pequeno porte, pequenas empresas ou médias empresas sediadas no Estado de São Paulo, constituídas, no mínimo, doze meses antes ao lançamento do edital.

O apoio terá duração de até 24 meses, visando desenvolver processos e serviços inovadores para que os produtos possam ser inseridos no mercado. Os recursos alocados para financiamento do presente edital são da ordem de R$ 20 milhões, sendo 50% com recursos da FINEP e 50% com recursos da FAPESP.

Trata-se da segunda chamada lançada pelas instituições para apoiar o desenvolvimento de produtos, processos e serviços inovadores para o Sirius. Na primeira chamada, 13 empresas foram selecionadas.

Os participantes poderão tirar dúvidas técnicas e conhecer a estrutura física do LNLS. O número limite de inscritos é de 100 pessoas.

Mais informações e inscrições: pages.cnpem.br/desafiosirius

Fonte: FAPESP