Acesso ao tratamento da dependência de drogas ainda é baixo

O uso de drogas que alteram o estado mental acontece há milhares de anos e muito provavelmente vai acompanhar toda a história da humanidade.

O Relatório Mundial sobre Drogas de 2015 do Escritório das Nações sobre Drogas e Crimes (UNODC), mostrou que o acesso ao tratamento da dependência ainda é baixo.

Cerca de 27 milhões de pessoas fazem uso problemático de drogas - Imagem: Divulgação
Cerca de 27 milhões de pessoas fazem uso problemático de drogas – Imagem: Divulgação

Para o Diretor Executivo do UNODC, Yury Fedotov, é necessário trabalhar mais para promover a importância de se entender e abordar a dependência como uma condição crônica de saúde a qual, assim como diabetes ou hipertensão, requer tratamento e cuidados sustentados a longo prazo.

“Não existe um remédio rápido e simples para o uso problemático de drogas e nós precisamos investir, a longo prazo, em soluções médicas baseadas em evidências” explicou.

O Relatório ainda mostrou que o uso de drogas continua estável em todo o mundo. É estimado que um pouco mais de 5% da população mundial com idade entre 15 e 64 anos tenha feito uso de drogas ilícitas em 2013, o equivalente a um total de 246 milhões de pessoas.

Destas, cerca de 27 milhões de pessoas fazem uso problemático de drogas, das quais quase a metade são pessoas que usam drogas injetáveis (PUDI).

Homens são três vezes mais propensos ao uso de maconha, cocaína e anfetamina, enquanto que as mulheres são mais propensas a usar incorretamente opióides de prescrição e tranquilizantes.

Um número ainda inaceitavelmente alto de usuários de drogas, segundo informou o diretor, continua a perder suas vidas prematuramente em todo o mundo, são estimados que um total de 187,100 mortes estão relacionadas com as drogas.

Em torno de 32.4 milhões de pessoas, ou 0.7% da população adulta do mundo, usam opióides farmacêuticos e opiáceos como a heroína e o ópio.

Drogas Ilícitas

As drogas podem ser ingeridas, injetadas, inaladas ou até mesmo absorvidas pela pele - Imagem: Divulgação
As drogas podem ser ingeridas, injetadas, inaladas ou até mesmo absorvidas pela pele – Imagem: Divulgação

Essas drogas, chamadas de substâncias psicoativas (SPA), podem causar dependência psicológica ou dependência química e física.

A dependência psicológica se baseia no desejo de continuar tomando uma droga para induzir o prazer ou aliviar a tensão e evitar o desconforto.

Já a dependência química e física é quando o corpo se habitua à droga, porque ela é usada continuamente, causando tolerância e sintomas de abstinência quando o seu uso é interrompido.

A pessoa que apresenta síndrome de abstinência sente-se doente e pode apresentar muitos sintomas, como cefaleia, diarreia ou tremores. A abstinência pode desencadear uma doença grave, potencialmente letal.

Existem várias formas de consumir estas substâncias, elas podem ser ingeridas, injetadas, inaladas ou até mesmo absorvidas pela pele.

Algumas pesquisas apontam quais são os principais motivos que levam uma pessoa a recorrer ao uso destas substâncias, são eles: curiosidade, influência de amigos, por vontade própria, desejo de fuga, para tomar uma atitude que sem o uso de tais substâncias não tomaria, dificuldade em enfrentar e/ou aguentar situações difíceis, hábito, dependência, rituais, busca por sensações de prazer, ficar calmo, servir de estimulantes, facilidades de acesso, obtenção, entre outros.

As drogas causam atualmente um grande problema na sociedade. Algumas iniciativas importantes foram criadas para evitar que a juventude entre nesse mundo, que na maioria das vezes, não se tem volta.

Pensado nisto, a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) inseriu dentro do Departamento de Medicina Preventiva o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID).

O CEBRID foi criado para cobrir a necessidade de informações científicas sobre o consumo de drogas na população brasileira, gerando a divulgação de informações e levantamento de dados para subsidiar programas preventivos mais adequados à nossa realidade.

O CEBRID tem duas linhas principais de atividade: uma voltada para a divulgação de informações científicas e a outra voltada para geração de informações através de pesquisas científicas.

O Centro desenvolveu um setor especificamente voltado para a divulgação de informações de qualidade, que possui credibilidade e representa uma referência nacional para a busca de conhecimentos.

As principais formas de divulgação de informações são:

• Livretos informativos para alunos do ensino fundamental

• Boletins informativos – com tiragem trimestral de cerca de 8.000

• Banco de Publicações: com mais de 3.750 publicações nacionais sobre drogas – utilizado como referência nacional para busca de informações científicas

• Respostas individualizadas por carta, internet e telefone – diariamente

• Entrevistas para Jornais, Revistas, Rádio e Televisão

• Palestras

• Cursos

Já a linha de pesquisa científica é caracterizada por uma série de estudos voltados para a avaliação quantitativa e qualitativa do consumo de drogas psicoativas no Brasil.

A avaliação do perfil do uso de drogas em uma dada população permite o desenvolvimento de programas assistenciais mais realistas e ainda, quando a pesquisa é realizada sistematicamente, passa a representar um indicador fundamental para a avaliação dos resultados de intervenções eventualmente implementadas em um dado período de tempo.

Saiba mais: http://200.144.91.102/cebridweb/default.aspx

Além disso, em 1994 foi fundada a Unidade de Pesquisa em álcool e Drogas (UNIAD), que contou, na época, com o apoio do Departamento de Psiquiatria da universidade.

Hoje, a UNIAD, em parceria como Centro de Estudos do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP, oferece cursos a comunidade sobre a prevenção e tratamento do uso de indevido de álcool, tabaco e outras drogas.

A Unidade atualmente é uma referência nacional na área dos problemas relacionados ao uso de substâncias psicoativas.

Acesse: http://www.uniad.org.br/

Dependente e seus familiares

Entre 2012 e 2013 foi realizado no Brasil o Levantamento Nacional de Famílias dos Dependentes Químicos (Lenad Família), o estudo foi feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e foi constatado que pelo menos 28 milhões de pessoas têm algum familiar que é dependente químico.

Foram divulgados dados sobre consumo de maconha, cocaína e seus derivados, além da ingestão de bebidas alcoólicas por brasileiros. E os pesquisadores estimaram que 5,7% dos brasileiros sejam dependentes de drogas, índice que representa mais de 8 milhões de pessoas.

A ABRAFAM deseja divulgar informações a respeito das drogas, tratamento e prevenção - Imagem: Divulgação
A ABRAFAM deseja divulgar informações a respeito das drogas, tratamento e prevenção – Imagem: Divulgação

Foi para auxiliar os familiares destes milhões dependentes químicos que a Associação Brasileira de Apoio às Famílias de Drogadependentes (ABRAFAM) foi fundada.

O empresário Carlos Roberto Rodrigues, em 1995, depois que um de seus filhos se tornou um dependente químico, sentiu necessidade de criar uma entidade para apoiar as famílias destes usuários de drogas.

A ABRAFAM foi criada com o simples objetivo de evitar ou, pelo menos, reduzir a dor de impotência e desesperança das famílias vítimas destas circunstâncias.

A entidade, sem vínculos políticos ou religiosos, deseja divulgar informações a respeito das drogas, tratamento e prevenção, promovendo acesso a informações de qualidade.

A entidade conta com profissionais que há muito tempo lidam com o problema e conhecem os mecanismos da doença, suas causas, consequências e tratamentos.

Acesse: http://abrafam.org.br/

“Vida sim! Drogas não!”

Campanha deseja reunir 2 milhões de adesões em abaixo assinado - Imagem: Divulgação
Campanha deseja reunir 2 milhões de adesões em abaixo assinado – Imagem: Divulgação

O lançamento da campanha nacional “Vida Sim, Drogas Não!” foi realizada no dia 28 de outubro, na Câmara dos Deputados, e reuniu deputados, representantes das comunidades terapêuticas, órgãos, movimentos defensores da luta contra as drogas e da liberação de substâncias ilícitas, de vários Estados.

Agora a campanha deseja reunir 2 milhões de adesões em abaixo assinado. Liderada pelo deputado federal Osmar Terra (PMDB-RS) e pelo senador Magno Malta (PR/ES), juntamente com o Movimento Nacional Brasil Sem Drogas (BsD), a campanha pede uma legislação mais eficiente no combate ao narcotráfico e a aprovação do Projeto de Lei 7663/2010, que está no Senado como Projeto de Lei da Câmara 37/2013.

O texto solicita também atenção especial ao dependente químico, apoio as entidades, movimentos e comunidades terapêuticas, além de exigir sérias políticas públicas de prevenção.

Também poderão baixar artes de camisetas e adesivos com a logomarca da campanha para a divulgação.

Mais informações podem ser solicitadas ao gabinete do deputado Osmar Terra, no telefone: (61) 3215 5927 / (61) 3215 1927 ou através do e-mail: fpcontradrogas@gmail.com.